Uma reconstituição conduzida pela Polícia Civil na tarde desta quarta-feira, no prédio onde ocorreu o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), confirmou, para os investigadores, o local do início do fogo e as falhas do sistema de prevenção da casa noturna. Com cinco testemunhas – entre eles um DJ, um caixa e um barman que estavam na boate no momento da tragédia –, o trabalho serviu para detalhar para a polícia aspectos já relatados em depoimentos. Os principais deles, o ponto exato onde o fogo foi visto pela primeira vez, sobre o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e a falha no extintor usado para tentar apagar as chamas.
Cresceram, portanto, as suspeitas de que o cantor Marcelo dos Santos tenha levantado o artefato que ateou fogo à camada de isolamento acústico da boate, composta de poliuretano, um material altamente inflamável e que produz a fumaça tóxica que asfixiou os frequentadores da boate.
De acordo com o delegado Sandro Mendes, responsável pela reconstituição, há a possibilidade de requerer uma extensão de 30 dias para as prisões dos dois donos da boate Kiss e dos dois músicos atualmente detidos. Sobre as declarações do advogado de Elissandro Spohr, o Kiko, que nesta manhã afirmou que a boate operava legalmente, o delegado preferiu não se pronunciar. Contradizendo o advogado Jader Marques, funcionários disseram que nunca receberam treinamento algum para prevenção e controle de incêndio.
Segundo o delegado Marcelo Arigony, responsável pelo inquérito, a reconstituição foi feita para registrar as condições do local, que será lacrado a partir de amanhã para que se preserve a cena do crime. O laudo com as causas do incêndio deve ficar pronto em duas semanas.
Arigony espera cumprir o prazo de 30 dias para a entrega do inquérito. Segundo ele, a documentação apresentada já passa de mil páginas. Hoje foram ouvidas mais 14 pessoas. De acordo com a polícia, praticamente não há contradições entre os relatos das testemunhas. "As nossas investigações estão corroborando aquilo que nós já pensávamos", disse, sem adiantar conclusões.
Saída – Uma das testemunhas, no entanto, afirmou ter conseguido sair da boate sem dificuldade. Frequentadora da casa, a testemunha disse que, ao ver o que estava acontecendo, dirigiu-se calmamente até a saída com a comanda vazia e foi liberado. Como não se enxergava nada, quem saiu com mais facilidade era quem conhecia a boate. Outros acabaram no banheiro, onde havia uma luz verde que pode ter sido confundida com a saída.
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Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/reconstituicao-aponta-falhas-da-boate-kiss?utm_source=redesabril_veja&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_veja&utm_content=feed&