Depois de uma experiência brutal como a de quinta-feira (7), os alunos da Escola Tasso da Silveira vão precisar de tempo e de apoio. O Jornal Nacional foi ouvir psicólogos sobre esta questão.
A dor, em uma idade que devia ser de alegria. Além da dor, o medo.
“Elas encolherem, elas se fecharem, não querer partilhar mais nada na vida. Ter medo de tudo. Desenvolver sintomas fóbicos. Desenvolver o que hoje a mídia chama muito de síndrome do pânico e não querer mais sair de casa, não querer estabelecer laços”, explicou Rita Manso, do Instituto Psicologia da UERJ.
Difícil é superar as lembranças: "Ele morreu no pé. Eu não tive reação. E os tiros continuavam no andar de cima” contou um menino. "Ele procurava as pessoas assim, mirava as pessoas e atirava", lembrou outro.
O horror vivido pelas crianças de Realengo é tão forte quanto o de quem passa por uma guerra, como explica a psicóloga: “São situações de limite. O ser humano é colocado no limiar do possível de suportar, mas as pessoas inventam formas de continuar suas vidas”, explica.
A escola deixa de ser vista o lugar acolhedor, onde começa o futuro, onde são feitas amizades, onde se prepara para enfrentar os desafios do trabalho, das profissões: o mundo adulto. Porque a violência do mundo adulto invadiu o lugar que eles consideravam seguro e destruiu os amigos deles.
“Isso aconteceu na escola. Elas podem evitar ir para a escola. Elas podem ter medo de retornar à escola e o aprendizado se torna cada vez mais difícil”, declarou o psiquiatra da UFRJ William Berger.
Atenção e amparo é o que pode ajudar os jovens a superar, dizem os psicólogos. É preciso deixar que eles falem do medo que estão sentindo, insistir que desabafem quando estiverem muito calados. E como acontece tantas vezes: este sofrimento terrível pode levar os jovens a uma compreensão mais profunda do mundo e mais cheia de esperança.
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