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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O horror vivido pelas crianças de uma escola


Edição do dia 08/04/2011
08/04/2011 22h11 - Atualizado em 08/04/2011 22h11

Psicólogos comparam trauma de vítimas de ataque ao de uma guerra

Atenção e amparo é o que pode ajudar os jovens a superar, dizem os psicólogos. É preciso deixar que eles falem do medo que estão sentindo e insistir que desabafem quando estiverem muito calados.

Depois de uma experiência brutal como a de quinta-feira (7), os alunos da Escola Tasso da Silveira vão precisar de tempo e de apoio. O Jornal Nacional foi ouvir psicólogos sobre esta questão.
A dor, em uma idade que devia ser de alegria. Além da dor, o medo.
“Elas encolherem, elas se fecharem, não querer partilhar mais nada na vida. Ter medo de tudo. Desenvolver sintomas fóbicos. Desenvolver o que hoje a mídia chama muito de síndrome do pânico e não querer mais sair de casa, não querer estabelecer laços”, explicou Rita Manso, do Instituto Psicologia da UERJ.
Difícil é superar as lembranças: "Ele morreu no pé. Eu não tive reação. E os tiros continuavam no andar de cima” contou um menino. "Ele procurava as pessoas assim, mirava as pessoas e atirava", lembrou outro.
O horror vivido pelas crianças de Realengo é tão forte quanto o de quem passa por uma guerra, como explica a psicóloga: “São situações de limite. O ser humano é colocado no limiar do possível de suportar, mas as pessoas inventam formas de continuar suas vidas”, explica.
A escola deixa de ser vista o lugar acolhedor, onde começa o futuro, onde são feitas amizades, onde se prepara para enfrentar os desafios do trabalho, das profissões: o mundo adulto. Porque a violência do mundo adulto invadiu o lugar que eles consideravam seguro e destruiu os amigos deles.
“Isso aconteceu na escola. Elas podem evitar ir para a escola. Elas podem ter medo de retornar à escola e o aprendizado se torna cada vez mais difícil”, declarou o psiquiatra da UFRJ William Berger.
Atenção e amparo é o que pode ajudar os jovens a superar, dizem os psicólogos. É preciso deixar que eles falem do medo que estão sentindo, insistir que desabafem quando estiverem muito calados. E como acontece tantas vezes: este sofrimento terrível pode levar os jovens a uma compreensão mais profunda do mundo e mais cheia de esperança.
“É uma situação limite, mas eles sobrevivem e podem criar em cima disso. E podem se tornar adultos melhores”, afirmou Rita Manso.
Fonte:http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/psicologos-comparam-trauma-de-vitimas-de-ataque-ao-de-uma-guerra.html

Investigadores dos EUA traçam perfil de assassinos como o que agiu no RJ

Serviço secreto estudou 37 ataques a universidades e colégios americanos. Entre as causas dos ataques estão vingança, desespero e tentativa de chamar atenção. Muitos tinham pensamentos suicidas e depressão.

Massacres como o de Realengo são frequentes nos Estados Unidos. Por isso, investigadores resolveram traçar um perfil dos assassinos para tentar evitar novas tragédias.
O serviço secreto dos Estados Unidos estudou 37 ataques a universidades e colégios americanos.
Entre as causas dos ataques estão vingança, desespero e tentativa de chamar atenção. Muitos dos assassinos tinham pensamentos suicidas e depressão.
Quase a metade tirava notas boas e era disciplinada. Os assassinos tinham dificuldade para lidar com perdas e muitos eram fascinados por temas violentos, alguns expressavam isso em redações.
Quase todos os ataques foram planejados e pessoas próximas como irmãos ou colegas de escola sabiam do plano, com detalhes, como data e local, mas as informações nunca chegaram ao conhecimento de alguém que pudesse evitar a tragédia.
Dias antes de matar, a grande maioria mostrou um comportamento estranho. Outro ponto comum: mais da metade conseguiu as armas dentro da própria casa ou com parentes e amigos e, em vários casos, os assassinos foram incentivados por outras pessoas.
Segundo o serviço secreto americano, é preciso capacitar professores e policiais a avaliar quando uma pessoa ou situação representa risco. Vários estados aprovaram leis que facilitam a troca de informações entre as escolas e agentes de segurança. Um conhecimento que pode ajudar a comunidade a evitar novas tragédias.
 Fonte:http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/investigadores-dos-eua-tracam-perfil-de-assassinos-como-o-que-agiu-no-rj.html

Moradores de Realengo tentam se recuperar do trauma da violência

Nas esquinas e nas ruas do bairro que fica na Zona Norte do Rio, a conversa é a mesma: a dor das famílias é a dor de toda a comunidade.

O bairro marcado pela tragédia tem origem nobre. Fica em terras do engenho que pertenceu à família real portuguesa. A abreviatura transformou o Real Engenho em Realengo, que ficava na antiga zona rural do Rio de Janeiro. O lugar foi povoado por imigrantes portugueses dos Açores, que tinham fazendas com muitos escravos na região. Hoje, o bairro que fica na Zona Oeste do Rio tem 250 mil moradores, um lugar de casas e pessoas simples.
A morte brutal de tantos adolescentes encheu Realengo de tristeza. Neste sábado (8), nas pracinhas do bairro, havia poucas crianças. A brincadeira tradicional dos fins de semana deu lugar à saudade, à dor, ao vazio. O jogo de futebol dos meninos não teve a mesma energia. Até o circo ficou deserto em um sábado que prometia ser de casa cheia. Hoje, não teve espetáculo. Na lojinha de pipas, Magno sentiu a falta de Igor, que sempre passava por lá.
Nas esquinas, na barbearia, nas ruas, a conversa é a mesma: a dor das famílias é a dor de toda a comunidade. “Um luto no coração que vai continuar para sempre”, afirmou uma senhora. “Abalou e vou dizer uma coisa: vai ficar marcado por muito e muito tempo”, comentou um homem. “O que aconteceu lá foi muito triste. O cara saiu entrando lá, dando tiro. Muitas pessoas ficaram tristes e abaladas”, disse um menino.
As marcas de tantas vidas e sonhos interrompidos não se apagam. Mas o bairro de gente simples e amiga quer fazer do carinho e da solidariedade os instrumentos para superar o trauma. “Esquecer o 7 de abril? Jamais vamos esquecer, mas tudo vai passar. Vai ficar apenas a lembrança e a saudade daqueles que foram”, comentou uma senhora.
 Fonte:http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/moradores-de-realengo-tentam-se-recuperar-do-trauma-da-violencia.html

Famílias traumatizadas com ataque à escola recebem apoio psicológico

Mais de 1.100 estudantes e funcionários da Escola Tasso da Silveira deverão ter acompanhamento por tempo indeterminado.

Onze vítimas do massacre da escola de Realengo permanecem internadas no Rio. Três em estado grave. Os sobreviventes começaram a receber tratamento psicológico.
A família inteira de Renata Lima já está reunida de novo. A menina teve alta do hospital e passou a primeira noite em casa depois da tragédia.
Jornal Nacional: Qual foi a primeira coisa que você quis fazer quando voltou para casa?
Renata Lima: A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi pegar o jornal para ver o que aconteceu direito.
A adolescente de 13 anos estava na primeira sala de aula em que o atirador entrou. “Na hora em que ele me viu em pé, ele mirou a arma na minha frente. Aí eu fiquei meio assustada. Quando ele foi apertar o gatilho, não tinha mais bala dentro. Ele foi recarregar, e eu consegui correr. Quando cheguei à porta, ele me acertou”, lembra a jovem.
Renata foi atingida por um tiro que entrou nas costas e saiu pela lateral do corpo, mas ela não precisou passar por cirurgia. “Foi o fato de eu ser gordinha que me salvou. Não era a minha hora. Eu tive duas chances para poder fugir”, lembrou a jovem.
A mãe ainda não consegue falar sem chorar. “Eu não tive tempo de pensar ainda”, disse.
A família já está recebendo apoio psicológico. “Para todas as famílias que estão sofrendo deixo minha solidariedade. É um momento muito triste. Muitas delas não querem nem falar”, declarou Nilson Oliveira, pai de Renata.
Neste sábado (8), foi feito um mutirão de profissionais de saúde e assistência social para visitar as famílias que perderam os filhos na tragédia. Mais de 1.100 estudantes e funcionários da Escola Tasso da Silveira deverão ter acompanhamento por tempo indeterminado.
O adolescente de 13 anos que conseguiu fugir e avisar um policial sobre o ataque, continua internado no CTI do hospital. Alan Mendes da Silva, de 12 anos, foi atingido por três tiros, mas passa bem. Ele já faz até planos para quando sair: “voltar a estudar e mudar para outra escola”.
Esquecer o que passou é impossível. “Eu corri em direção à minha casa. Sorte que tinha os policiais lá na frente, acho que estavam fazendo uma blitz. Eu peguei e falei com eles”, lembrou o estudante.
Alan ainda vai passar por uma cirurgia no rosto. Neste sábado, o jovem flamenguista recebeu a notícia de que, quando sair do hospital, tem encontro marcado com os jogadores do time do coração. “Tudo correndo bem, com uma boa recuperação, queremos levá-lo para assistir a um treino e encontrar esses jogadores que também fizeram uma corrente e prestaram sua homenagem àqueles que foram e trazer alegria para aqueles que ficaram. E o sorriso de uma criança vale demais”, declarou a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim.

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