1. O QUE É O CHAMADO
Ainda que Jesus pudesse ver
Sua vida nas multidões, não o fez, mas preferiu trabalhar habilmente na
formação do caráter de doze pessoas completamente diferentes uma das
outras. Da mesma forma que o oleiro com
o barro, por três anos e meio formou o caráter de cada uma delas, e soprando
sobre eles, disse-lhes: “Recebei
o Espírito Santo” Jo. 20:21-22.
Como o Senhor Jesus conseguiu
que doze pessoas, sem cultura, sem educação, sem riquezas nem posição social
chegassem a converter-se nos pilares do Cristianismo? A resposta é simples: estas pessoas responderam ao chamado de Deus
e estiveram dispostas a deixar-se moldar por Ele, para assim estarem prontos a
ser enviadas.
“E sabemos que
todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8:28).
Na visão que Deus nos deu
através do governo dos doze, podemos ver que cada pessoa que está dentro de
nossas comunidades é um líder em potencial e que uma vez que consiga passar
pelo processo de formação poderá ver o
fruto em sua vida, em pouco tempo. Jesus
teve que deixar para Seus discípulos um modelo de vida no qual deveriam projetar-se. Paulo disse: “Sede meus imitadores, como
também eu o sou de Cristo” (1Co. 11:1).
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não
prevalecerão contra ela” (Mt.
16:18).
Para edificar, primeiro
deve-se cavar profundamente, entendendo que a igreja a qual o Senhor se refere,
é aquela que está formada por pessoas de todas as culturas, raças e classes
sociais, que pelo fato de haverem crido nEle, passam a formar Seu corpo. A estes o Senhor chama: “Minha igreja”, porque já fazem parte
de Si mesmo.
As pessoas são a igreja, e
nossa tarefa principal deve consistir em ganhá-las e trabalhar individual e
cuidadosamente assim como fez o Senhor com Seus apóstolos. “ Vós também, quais pedras vivas,
sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo” (1 Pe. 2:5). Ainda que o Senhor não
tivesse um templo, as multidões O seguiam porque sabiam que Ele tinha a
resposta para suas necessidades. Isto O
moveu a formar o grupo de doze, para que todos
pudessem receber um pastoreio personalizado.
O governo dos doze sempre
esteve no coração de Deus. Que segredo
há nos doze? Deus me esclareceu anos
atrás. Pude ouvir no profundo de meu
coração a voz do Espírito Santo que me dizia: “treine doze pessoas e busque reproduzir nelas o caráter de Cristo
reproduzido em você. E se cada uma delas
fizer o mesmo com outras doze, e se estas, por sua vez, transmitido o mesmo
sentir entre uns e outros, você e sua igreja experimentarão um crescimento sem
precedentes”. Imediatamente comecei a ver em minha mente
toda a projeção do desenvolvimento
ministerial que em pouco tempo chegaríamos a ter.
2. CARACTERÍSTICAS E
REQUISITOS
A. SER UMA PESSOA DE FÉ
Aqueles doze que o Senhor
formou, aprenderam a caminhar pela senda do sobrenatural, pois tinham que
reproduzir o caráter de Cristo em todos os aspectos através de suas próprias
vidas. O modelo dos doze é algo em si
mesmo sobrenatural, que o Senhor Jesus Cristo implementou a fim de que Seu
ministério se movesse constantemente nessa dimensão.
· A fé vem em momentos difíceis;
· A fé tem olhos para ver os milagres no plano
espiritual. Abraão via nas estrelas a
sua descendência;
· A fé descansa na promessa e a promessa triunfa sobre as circunstâncias;
· A fé faz-os renovar cada dia;
· A fé localiza-nos
no plano perfeito de Deus;
· A fé guia-nos para
a frutificação;
· A fé deve ser alimentada diariamente.
Ter como fundamento a Palavra
de Deus conduz-nos à fé. Paulo destaca a
fé que havia em Timóteo, herdada de sua mãe e de sua avó, que se dedicaram em
formá-lo a partir da Palavra. “A fé
vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus”.
Entrar no mundo da fé implica
em ter a mente de Cristo, ver as coisas com os olhos de Deus, e nunca deixar-se
influenciar pelas circunstâncias.
Paulo disse: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente” (1Co.
2:14).
B. SER UMA PESSOA CHEIA
DE VIRTUDE
Pedro disse: “Acrescente
a vossa fé, virtude” (2 Pedro 1:5). No original grego, a palavra
virtude é “areté” que significa
excelência. É a graça especial e a
habilidade que as pessoas têm para a liderança, para dirigir outros. O “areté”
ou a virtude de um líder vê-se refletida em seu ministério. Paulo disse aos Coríntios: “vós sois o selo do meu apostolado”. Os Coríntios foram a prova de fogo para o
apóstolo e se ele podia com eles, tudo o mais seria mais fácil.
Nosso “areté” com as pessoas
que estamos formando depende da maneira como nos guiemos nos diferentes passos
da visão, já que o sucesso depende de nossa fé neles, nosso esforço,
disciplina, dedicação até que Cristo seja formado em suas vidas.
Jetro aconselhou a Moisés que
escolhesse como parte de sua equipe, pessoas de virtude (Ex. 18:21).
C. SER CONHECEDOR DA
VERDADE
Paulo disse: “Devemos
ser como soldados que manejam bem a Palavra da verdade”. Um homem de verdade é aquele que tem
conseguido crescer na fé, por meio da palavra de Deus e que conseguiu
desenvolver essa sensibilidade, para ouvir a voz de Deus.
D. SER UMA PESSOA TEMENTE
A DEUS
Ser tementes a Deus exige estar sujeitos à Sua
Palavra e condicionar a ela qualquer decisão.
A pessoa que entra nesta
dimensão, leva todos seus desejos à cruz, sendo alguém que vive sob a aliança de sangue com
Cristo, e que pode dizer como Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl. 2:20).
E. SER ALGUÉM QUE
ABORRECE A AVAREZA
Uma das coisas que mais podem
destruir um líder é que se deixe seduzir pelo brilho das coisas materiais,
pois, “o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (1 Tm. 6:10).
3. RECONHEÇA O CHAMADO
A
sensibilidade ao Espírito Santo é uma das condições essenciais para ouvir o
chamado de Deus e atendê-lo. Estamos
conscientes de que não estamos no
ministério por nossos dons, talentos ou habilidades, e sim pela graça de
Deus para com cada um de nós. “Mas a cada um de nós foi dada a graça
conforme a medida do dom de Cristo”
(Ef. 4:7). Quando somos sensíveis ao Espírito, os
dons começam a ser revelados em nossas vidas.
“E ele
deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e
outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” ( Ef. 4:11,12). Estes cinco ministérios são a extensão do
caráter de Cristo em nós.
Vários aspectos intervêm no reconhecimento do chamado:
A. CONVICÇÃO
É fundamental ter a plena
certeza de que Deus nos chamou ao ministério e a motivação para perseverar no
mesmo é a correta, pois seria impossível pretender desenvolver um trabalho
sobrenatural, com uma atitude e uma motivação natural. Além disso sabemos que a quem Deus chama,
equipa e respalda em todas as coisas.
B.COMPROMISSO
O simples fato de saber que
entre milhares de milhões de seres que habitam no planeta terra, você foi
selecionado por Deus para dar continuidade a Sua obra. “A
quem enviarei, e quem irá por nós? ”
( Is. 6:8). Deus poderia ter escolhido a outro, mas
preferiu você. Faça a obra de Deus sem
temor.
C. QUEBRANTAMENTO
“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de
trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (João 12:24).
O apóstolo Paulo foi uma
pessoa quebrantada, e não considerava a sua vida como preciosa, a fim de
cumprir com sucesso sua missão. O
quebrantamento é o mecanismo de proteção mais poderoso que um crente pode ter
diante das diferentes adversidades da vida.
D. UNÇÃO
Equivale a experimentar a
presença de Deus de uma maneira permanente em sua vida, que se reflete no que
fala, no que ensina, no que ora, no que
empreende e nas pessoas que lidera.
“Então o
Espírito do Senhor se apossou dele, e as cordas que lhe ligavam os braços se
tornaram como fios de linho que estão queimados do fogo, e as suas amarraduras
se desfizeram das suas mãos” ( Jz. 15:14). Sansão aparentava ser uma pessoa semelhante a
qualquer outra, a diferença estava na unção de Deus que ele tinha. Deus nos deu a unção para que desenvolvamos
eficazmente Sua obra.
E. SUJEIÇÃO
As pessoas que são autoridade espiritual devem
entender que nossa autoridade sobre outros, não é impositiva, e sim diretiva,
apresentando-nos como exemplos em todas as coisas. De um modo correto os discípulos aceitam a
autoridade e a exercitam sem que ninguém se sinta ferido (Rm. 13:1-2).
F. FRUTIFICAÇÃO
Uma das grandes vantagens que
esta visão tem, é que todos podem desenvolver todo o potencial que há em suas
vidas, e que se refletirá na frutificação.
Sei que não existe maior gozo que sentir-se útil dentro da obra do
Senhor. “Assim
também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos
inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer” (Lc.17:10).
O
Senhor tem uma missão determinada para sua vida
“E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na
brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a
ninguém achei” (Ez. 22:30). Sê fiel ao chamado, pois os olhos de Deus
estão postos em você. Comissiona-nos
para uma tarefa concreta dentro de Sua obra.
Este chamado está associado ao propósito de Deus para cada crente, o
qual é cumprido dependendo do cumprimento de requisitos estabelecidos nas
Escrituras como os que aparecem em Êxodo
18:21.
APLICAÇÃO
1-Tenha a plena certeza de
seu chamado.
2-Compartilhe com outros
acerca de sua fé em Cristo, pois a unção de Deus está em sua vida.
3-Intensifique seu nível de
oração diário, até que arda no fogo do Espírito.
4-Ore por sua equipe de doze.
5-Sonhe com as multidões
saindo de seu próprio coração, e creia que Deus as trará.
6-Descubra que dons ou
talentos você tem, e disponha-os ao serviço do Senhor.