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domingo, 25 de março de 2012

Retrato de um pastor missionário

O cansaço do sábado estava refletindo naquele domingo. O pastor trabalhou na sua loja o dia de sábado inteiro. Parou cinco minutos para almoçar. Só chegou em casa perto das 20 horas.
Por que ele trabalha? Por que ele não vive da obra?
Acontece que já tem dois anos que sustenta a obra. Se não fosse o dízimo e, ofertas dele, que ele sacrifica, a sua igreja já teria fechado. Deixou sonhos e projetos para trás quando obedeceu ao chamado do IDE. (Mateus 28). Mas alguns membros são fiéis nessa área, ajudando e querendo ver a obra crescer.
É domingo. Dia de Escola bíblica e culto na igreja!
Ninguém sabe, mas o pastor estava com dor de ouvido desde que acordou. Ministrou a Escola dominical. Não queria transparecer a dor, mas acabou transparecendo, pois sua dor o incomodava. Orou pela sua cura. Orou pelos irmãos. Comprou dois remédios: um para o ouvido e outro para alergia. E foi fazer visita à casa de um casal novo-convertido. Mais uma vez foi usado por Deus.
Chegou à sua casa. Sua esposa (grávida) e filha estão cansadas. Porque quando estavam na igreja, sua esposa ministrou a Escola de líderes enquanto ele ministrava a Escola dominical. Almoçam. Descansam. O pastor, enfermo, dorme e seu corpo descansa. Quando acorda começa a pensar em não ir à igreja, porque não estava em condições para cantar, pregar e orar. Sua esposa o convence a ir.
Ele chega à igreja escutando só no ouvido direito. Começa a ministrar e uma irmã o ajuda a cantar como de costume. Ele: cansado, sem escutar no ouvido esquerdo e segurando sua dor. O povo: apático. Alguns estão ali para adorar, mas outros para “olhar o homem usado por Deus”.
No playback o pessoal se atrapalha: a culpa é do pastor.
O pastor desliga o playback. Fala com sua esposa pra dar continuidade ao culto, pois está cansado.
Ele é motivado? Não só motivado, mas auto-motivado! Estava cantando mesmo cansado, enfermo e com sua mãe há quase dois meses, internada num hospital de outro estado. Veja se ele está motivado! É claro que está!
Sua esposa o convence a continuar. Ele explica que Deus, às vezes, permite que nosso cronograma não saia do jeito que a gente quer, e que Deus testa as pessoas para ver se elas estão ali para ver um show ou para adorem a Deus. O povo se anima. Alguém chega e está ajudando no telão. O louvor começa a fluir.
Como não está ouvindo nos dois ouvidos, o som está mais alto, alguns ficam incomodados: a culpa é do pastor. Mas ninguém se disponibiliza para ajudar.
Com seu teclado, o pastor começa a ministrar mensagens no meio dos louvores. Surgem cânticos espirituais. O Espírito Santo visita aquela congregação. Lágrimas de muitas pessoas caem. Elas estão desabafando. Outras estão sendo consoladas. E outras, ainda, renovadas em todos os sentidos: emocional e espiritual. Alguns estavam querendo se suicidar, outros estavam deprimidos, angustiados, frios. Agora se enchem da Presença de Deus.
Começa a palavra. Todos prestam atenção. Uma maravilha de mensagem. Falou para pessoas leigas e não-leigas. Usou seu dom de mestre (ensino) e conseguiu atingir seu objetivo.
Começa a oração. O som está sendo enviado pelo computador. O cabo é estéreo. Então o som não sai direito até que puxe o cabo um pouco para fora. O pastor tenta mas não consegue. Então continua do jeito que está.
O som está alto. O pastor só está ouvindo com o ouvido do lado direito. A culpa é do pastor.
O horário avança. A culpa é do pastor.
O pastor usa seu dom de palavra do conhecimento. Todos prestam atenção e glorificam a Deus. O culto termina.
Como termina essa história?
O pastor, já está suado. Ficou quase três horas no microfone. Então ele começa a guardar os microfones. Ninguém o ajuda.
Na volta pra casa ouve o que toda semana alguém lhe diz; “você tem que...”
Todo mundo opina. Quase todo mundo acha que sabe ou entende mais que o pastor. Mas o pastor veio de uma igreja em outra cidade que ele foi líder de célula, cantor e músico e que cresceu mais de três vezes o número de membros enquanto ele esteve lá.
Acontece que nos dois anos de peleja são poucos que o ajudam e ainda não é suficiente. já orou, visitou, fez reuniões em casas que o povo, depois, cuspiu no prato que comeu. Porque não queriam compromisso com Deus. O pastor quase não tinha tempo para levar a filha no pula-pula e tomar um sorvete com sua esposa.
Deus enviou algumas pessoas que estão ajudando-o a fazer a obra.
Mas este é o deserto: E é aí que as dificuldades existem para nos ensinar quem são nossos verdadeiros amigos e também para forjar o nosso caráter.
Sempre que saímos do deserto, estamos mais fortes! Nenhuma vitória virá se não houver lutas!
Células que estão crescendo, vidas restauradas, pessoas agradecendo ao pastor mesmo quando ele prega "puxando a orelha", visitantes em todos os cultos, curas, milagres, libertações. E tudo por amor a Deus.
Ao final de tudo, os frutos desse pastor falam mais que suas palavras.
Autor: Pr Rômulo Martins.

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