Onda verde surpreende
Voando alto
Voando altoBaseado em fatos reais, essa história é uma inspiração para todos aqueles que precisam acreditar em seus sonhos
Numa manhã de muito movimento no aeroclube de uma pequena cidade do interior, a presença de um menino chamou a atenção de todos os frequentadores daquele lugar. Roupas surradas, sapatos velhos e uma pequena mala nas mãos. O garoto parecia não se incomodar com a elegância daquelas pessoas ou com o que elas pensariam dele.
O olhar do menino tinha um foco. Ele estava seduzido pelas aeronaves. Ao se aproximar de uma delas, logo foi indagado por alguém.
- Posso te ajudar, rapaz?
Mesmo sem graça, o menino continua obcecado pelo avião e ainda que tímido responde:
- É que eu amo tudo isso, senhor.
- Onde você mora, menino?
- Sou de outra cidade, senhor. Vim até aqui só pra ver os aviões.
- Mas e sua família? Por que essa mala nas mãos?
- Eu não tenho pra onde ir.
Com pena do menino, aquele homem, um dos responsáveis pelo aeroclube, ofereceu a ele um pequeno quarto, vazio há muito tempo.
- Você pode ficar aqui e trabalhar com a gente. Precisamos de alguém para limpar esse local.
O menino se alegrou, mas enquanto agradecia logo foi alertado:
- Você não pode ficar perto desses aviões, rapaz. Eles são muito caros e tem donos.
Claro que isso era impossível para um apaixonado por aquelas máquinas.
Todas as manhãs, ele fazia questão de limpar a sala onde alunos do curso de pilotagem recebiam as instruções teóricas. Ele tinha sede por aprender e o professor notou isso. Depois de uma reunião entre os sócios, decidiram dar à Luizinho a oportunidade de também participar das aulas, mesmo não tendo nenhuma condição de pagar por elas.
Aos poucos aquele menino, que tinha muitas desvantagens em relação aos outros, foi se destacando. Ele respondia a todas as perguntas e se mostrava cada vez mais aplicado até que se tornou o melhor aluno da sala.
Depois de alguns meses, o curso teórico chegou ao fim. A próxima etapa era a parte prática, mas Luizinho não tinha dinheiro para pagar pelas aulas, que por sinal eram muito caras. Enquanto os colegas de sala voavam, ele continuava limpando o aeroclube. Aquela situação incomodou um dos sócios, um homem humilde que trabalhou muito na vida até se tornar um grande empresário da área de comunicação. Sensibilizado, ele ofereceu o próprio avião para que Luizinho aprendesse a pilotar. Demorou muito, mas o menino conseguiu concluir o curso e recebeu o tão sonhado registro. Luizinho agora era um piloto de verdade. Depois de agradecer a todos e principalmente ao empresário amigo, o rapaz partiu e nunca mais foi visto naquela cidade.
Trinta anos mais tarde, o filho do empresário foi fazer uma grande viagem. Assim como o pai, o jovem também era apaixonado por aviação. Tanto que quando embarcou na imponente aeronave ficou totalmente vislumbrado. Era o maior avião que já tinha visto em toda sua vida. Ele não conteve o entusiasmo e logo chamou a comissária de bordo.
- Moça, posso conhecer a cabine do avião?
- Sinto muito, mas depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos, não podemos mais fazer isso.
- Perdão, moça. É que eu sou um caipira apaixonado por aviões.
Depois de ouvir o jovem dizer o nome da cidade de onde ele era, a aeromoça saiu e logo voltou.
- O senhor pode me acompanhar, por favor.
O rapaz seguiu a comissária até a cabine do grande avião e logo foi recebido pelo comandante do voo.
- Bom dia. Disse o comandante.
- Bom dia.
- A comissária me disse sobre a cidade onde você mora. Você faz o que lá?
- Cuido das empresas do meu pai. Respondeu o rapaz, sem entender nada do que estava acontecendo.
- O que o seu pai faz?
- Ele tem emissoras de rádio.
Nesse momento a voz do comandante começa a ficar embargada e quando ele pergunta o nome do pai do rapaz, tem uma grande surpresa. Chorando de soluçar ele diz:
- Muito prazer. O meu nome é Luizinho. Você é filho do homem que me ensinou a voar.
Pra muitos, esse encontro pode ter sido apenas uma feliz coincidência, mas para mim, que ouvi a história contada por um de seus personagens, essa é a prova mais real de que tudo é possível quando se sonha.
Mas Luizinho mostrou pra gente que não basta sonhar. É preciso estar perto das oportunidades, mesmo que elas pareçam tão distantes. Não importa se tem muita gente a sua frente e se você está em desvantagem em relação a todos os concorrentes. Pode até demorar, mas se você persistir, vai chegar o dia que Alguém vai olhar para o seu sonho e te dar a chance de voar mais alto.
Paz e sucesso!
:: Por Juliano Matos
Jornalista
julianomattos@yahoo.com.br
Colaborador do portal Lagoinha.com
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