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segunda-feira, 30 de maio de 2011

RJ muda forma de lidar com crianças e adolescentes usuários de drogas


Autoridades não terão que perguntar se eles querem se tratar. Aqueles que forem encontrados nas cracolândias serão recolhidos para tratamento e só serão soltos depois de se livrarem do vício.


As cenas deprimentes e comuns de crianças e adolescentes se drogando com crack nas ruas das cidades brasileiras levaram a Prefeitura do Rio de Janeiro a anunciar uma mudança na forma de lidar com o problema. Daqui por diante, jovens recolhidos nas chamadas cracolândias serão mantidos em abrigos para fazer tratamento.
Infâncias soterradas por uma pedra. Em becos, ruas e até linhas de trem, as cracolândias se multiplicam.
As operações de repressão são frequentes. Mas cabe ao próprio usuário decidir pelo tratamento. Como a lei não prevê prisão para quem consome drogas, apenas os dependentes que tenham cometido crime ficam presos e a maioria volta para o mesmo lugar.
A maior dificuldade para tratar crianças e adolescentes viciadas em drogas é que grande parte recusa o acolhimento. E quando eles finalmente são convencidos a iniciar o tratamento, oito em cada dez menores acabam voltando para as ruas antes mesmo de conseguir largar o vício.
Foi assim com a jovem de 15 anos que começou a usar crack aos 6. “Eu não conseguia segurar meu vício, eu fui começando a fugir, pulava de um, pulava de outro e fui usando”, contou ela.
No Rio, em dois meses de operações, 150 crianças e adolescentes foram recolhidos de cracolândias. Para evitar que elas continuem dependentes, a prefeitura determinou que, a partir desta semana, todos os menores apreendidos serão obrigados a ficar internados até se livrarem da dependência. A medida teve o aval da Vara da Infância e da Adolescência e do Ministério Público.
As crianças devem passar por exames clínicos antes de seguirem para os abrigos. “Para que se possa saber exatamente qual é a sua situação efetiva e se elas realmente devem ficar internadas, devem ser submetidas a um tratamento”, explicou o procurador-geral de justiça Cláudio Lopes.

A socióloga Irene Rizzini, que dirige um centro de estudos sobre a infância, é contra a medida. “Por que não vamos em primeiro lugar visitar essas famílias, verificar por que essas crianças estão nas ruas e que tipo de suporte essa família precisa para que seus filhos possam dormir em casa?” questionou.

“Nitidamente essas crianças estão nas ruas porque seus pais não conseguem fazer o seu papel, é dever do poder público, é dever do Estado fazer esse papel: de zelar pela segurança e pela integridade física”, declarou o secretário municipal de Assistência Social do Rio, Rodrigo Bethlem.

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