Bomba Atômica em Hiroshima - parte 1
Cúpula Genbaku: arquitetura resistente ao ataque nuclear é Patrimônio da Humanidade |
Em meio a Segunda Guerra Mundial, uma destruição humana sem precedentes, o governo americano decidiria por lançar sua bomba atômica Little Boy na cidade de Hiroshima
Tenho que deixar aqui registrado que naquela época as forças armadas japonesas eram cruéis e desumanas, como relatado nas histórias de batalhas com a China. Até hoje, as questões mal resolvidas ainda geram conflitos entre os dois países
O Japão se mostrava um país totalmente arrogante na época em que as bombas explodiram. Por suas tradições vindas dos samurais, um código sinistro pairava entre os soldados. O de batalhar até o último morrer, e o de se matarem em caso de derrota.
Hiroshima era uma cidade sem valor militar, mas com grande valor industrial. Com população em cerca de 255.000 habitantes no momento da explosão, nada menos que 80.000 pessoas foram mortas instantaneamente, e 90% de toda a estrutura da cidade fora destruída por completo
Minha visita à Hiroshima
Há oito anos atrás visitei Hiroshima. Ao chegar lá, passamos por uma sensação estranha. É uma cidade moderníssima, totalmente planejada e muito bonita, mas que nos deixa com um sentimento de tristeza e angústia.
Por toda a cidade há referência ao passado. O lugar onde foi o epicentro da bomba, se tornou um parque, denominado Parque Memorial da Paz, onde ainda prevalece um edifício que não caiu quando a bomba explodiu.
O edifício que resistiu ao poder da bomba chama-se Cúpula Gembaku - ao anoitecer, a Cúpula Genbaku fica iluminada em holofotes de várias cores. As ruínas dele permanecem intactas, estão isoladas por alarmes, seguranças e alguns fortes alicerces. A construção, que pertenceu à prefeitura de Hiroshima, era para ter sido demolida, mas hoje é patrimônio mundial e a maior memória real dos japoneses - e do resto do mundo - sobre o ocorrido.
O Museu Memorial da Paz é um dos poucos museus financiados integralmente pelo governo japonês. Uma vez lá dentro, é possível acessar informações em nove línguas, entre elas o Idioma Português
Entre imagens da destruição e maquetes feitas para ilustrar as perdas do povo japonês, podemos ver réplicas de corpos se despedaçando, objetos e roupas que pertenceram às vítimas. Todas as imagens possuem resenhas contendo a história de cada uma delas.
A menina Sadako Sasaki
A fonde de águas
Por volta dos anos 1960, uma fonte de água foi construída no centro da cidade para lembrar as vítimas do ataque. Após o ataque, com a pele derretendo e os órgãos sucumbidos pela radiação, os japoneses expostos ao clarão engatinhavam e andavam pelo solo quente em busca de água. A população de Hiroshima foi aconselhada a não oferecer água para ninguém, evitando contaminações. Como conseqüência, muita gente morreu de sede. A fonte, construída em mármore, tem a forma de um relógio que marca às 8h15, horário que a bomba explodiu.
A água é um pedido de desculpa do Japão para saciar a "sede eterna daqueles que morreram".
Todos perdemos
Há inúmeras histórias a serem contadas sobre os mortos e sobreviventes de Hiroshima,. A realidade é que ninguém lucrou nada com tanta desgraça, ninguém pode justificar as atrocidades cometidas pelos japoneses na guerra e nem o assassinato em massa de japoneses pelas bombas atômicas
O saldo das bombas nucleares, foi a rendição antecipada do Japão e 250.000 mortos
O ponto positivo: depois de toda a atrocidade da Segunda Guerra, o Japão se tornou um país totalmente pacífico. Atualmente não há patrulhamento nas ruas com armas, o país tem um baixíssimo índice de criminalidade, e não há nem estatísticas de pessoas mortas por armas de fogo
Hiroshima tem lutado veementemente contra as usinas de energia nuclear, principalmente depois do incidente em Fukushima
A incansável força japonesa para se reerguer no pós-guerra foi surpreendente. O país que saiu derrotado, em poucas décadas se tornaria uma das maiores potências econômicas mundial. Hoje o drama é contra a central nuclear de Fukushima. Essa é uma circunstância que o povo japonês precisa vencer o mais rapidamente possível no século 21
Cintia Kaneshigue edita o blog Vivendo a Última Hora.
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